Startups suíças de FoodTech mergulham no mercado brasileiro

O ecossistema suíço de FoodTech é extremamente relevante e poderia contribuir para alcançar uma cadeia alimentar sustentável e inovadora. Fornecendo soluções desde a agricultura regenerativa até a entrega e para o desperdício de alimentos, a Suíça não só está entre as 10 primeiras posições no ranking mundial da FoodTech Startups, mas também ocupa muitas posições nessas listas.

– Por Bianca Campos, Deputy CEO e Program Manager | Innovation & Startup

Em 2021, a startup suíça de FoodTech, Planted, fundada em 2019, foi reconhecida como a Top 1 no ranking nacional “Top 100 Swiss Startups”, mostrando a força desta vertical no ecossistema de inovação suíço. A startup Planted desenvolveu a solução de carne natural bio-estruturada feita de proteínas alternativas e fechou em 2022 sua rodada de financiamento Série B de 70 milhões de francos suíços. Um dos objetivos desta rodada de financiamento é a expansão internacional, o que reforça como estas soluções podem contribuir para as demandas globais em alimentos.

O Brasil também é relevante quando se trata de produção e cadeia alimentar global. O país é hoje responsável por 10% da produção alimentar do planeta e tem muitos desafios de inovação e sustentabilidade para manter ou melhorar este nível. Os diferentes atores, da agricultura ao setor pecuário e de produção de alimentos, estão engajados e abertos a conhecer e implementar soluções inovadoras para evoluir neste caminho.

Algumas Startups suíças de FoodTech já começaram a visualizar e validar as oportunidades no Brasil. No início do segundo semestre de 2022, a Startup Agrinorm participou do Innosuisse Market Validation Camp, realizado no Brasil pela Swissnex. Alinhando os algoritmos e técnicas de inteligência artificial mais tecnológicos com as necessidades do produtor e da indústria alimentícia, a Agrinorm oferece uma plataforma de gestão de qualidade para ajudar os fornecedores de produtos frescos a melhorar a gestão de qualidade e reduzir o desperdício de alimentos através da digitalização.

Evgenij Pisetsky, Gerente de Qualidade e Embaixador de Digitalização da Agrinorm, na Conferência Brasileira da Associação Internacional de Produtos Frescos
(São Paulo, agosto de 2022).

No primeiro dia do Market Validation Camp, a Agrinorm participou de uma importante conferência para seu setor, a Conferência Brasileira da Associação Internacional de Produtos Frescos. Neste evento, a startup pôde se reunir com produtores, varejistas de alimentos e importadores/exportadores de alimentos frescos de todas as regiões brasileiras, realizando mais de oito reuniões iniciais. Evgenij pôde aprender e obter insights sobre as demandas brasileiras em gestão de qualidade de produtos frescos, os players, e potenciais parceiros ou concorrentes, e iniciar conversas comerciais que evoluíram nos dias seguintes.

Além de muitas oportunidades prospectadas, a Agrinorm considerou a compreensão da infra-estrutura empresarial local e do cenário competitivo como uma das realizações mais críticas de aprendizagem e sucesso do Camp. Estas percepções estratégicas coletadas localmente são essenciais para construir uma estratégia forte e relevante de entrada no mercado.

A solução da Agrinorm mostra como a digitalização é crucial para a evolução do sistema alimentar e para alcançar demandas relacionadas ao gerenciamento de resíduos e demandas de maior produtividade. Mais duas outras startups suíças de FoodTech irão explorar oportunidades no mercado brasileiro em 2022 associadas à produção de alimentos na linha de proteínas sustentáveis.

UpGrain e Authentic Seafood Analogues se juntarão ao 9º ciclo do Academia-Industry Training (AIT).

O objetivo do AIT é conectar promissores pesquisadores-empreendedores com o ecossistema de inovação e startups para desenvolver a aplicação de suas pesquisas de alto nível no mercado e identificar oportunidades de negócios no Brasil para suas startups ainda em fase inicial.

Pioneira do conceito de upcycling, a UpGrain oferece uma proteína alternativa e rica em nutrientes a partir da cevada obtida no processo de produção de cerveja a montante. Um produto básico para alimentos de origem vegetal que protegem os recursos, a natureza e o meio ambiente. A tecnologia pode ser instalada nas fábricas de cerveja e gerar valor para subprodutos não explorados hoje pela indústria de bebidas.

Esquema de upcycling e proteína de grãos de cevada em pó da UpGrain (Fonte: site UpGrain)

A comida japonesa está na moda no Brasil, e os análogos de carne e frango são os mais comuns quando se trata de proteínas alternativas. Mas você já se perguntou sobre um análogo de peixe ou frutos do mar? É isso que a startup suíça ‘Authentic Seafood Analogues‘ está desenvolvendo.

Com base em formulações baseadas em microalgas, os pesquisadores estão trabalhando para conseguir um camarão analógico saboroso e nutritivo. Um de seus desafios mais relevantes é conseguir a sinergia entre sabor, aparência, forma e textura, e seu destaque é uma nova e inovadora plataforma de texturização. A startup também se juntará ao 9º ciclo do AIT no Brasil, e certamente muitas oportunidades devem surgir no país para eles, e para muitas startups suíças que trabalham para revolucionar e fomentar o sistema alimentar sustentável global.

ETH website

Características e propriedades relevantes do camarão análogo produzido a partir de formulações à base de microalgas pela startup Alternative Seafood Analogues (Fonte: site da ETH)