Depois de perceber o panorama do Rio e a simpatia dos cariocas, os estudantes visitaram a Viva Rio, uma ONG cuja missão é combater a violência e aumentar a igualdade. Eles tiveram a oportunidade de conhecer as atividades da organização, como as visitas dos agentes médicos aos lares para entregar medicamentos, o que também é a ocasião para observar e garantir a paz nas casas das mulheres e das crianças. Através da troca de experiências com a Viva Rio, os estudantes puderam confrontar seus projetos com a realidade brasileira.

“Este intercâmbio foi muito enriquecedor porque nos permitiu fazer todas as nossas perguntas e reestruturar nosso projeto. De fato, quando começamos nossa pesquisa na Suíça, […], tínhamos uma abordagem bastante teórica”.

A visita à Secretaria da Mulher na Prefeitura do Rio de Janeiro deu lugar a um intercâmbio profundo e perspicaz. Os estudantes se reuniram com as mulheres responsáveis pela implementação de políticas públicas para promover a saúde e a segurança da mulher. Eles puderam ouvir sobre sua abordagem metodológica para compreender a complexidade das questões de gênero.

“Elas levam em conta todos os problemas que as mulheres sofrem de acordo com seu status social, cultura, origem e o contexto geográfico em que vivem”.

Elas aprenderam sobre a esfera política e os eventos que a moldaram, como a Lei Maria de Penha e trataram de assuntos sensíveis, como o aborto.

Os representantes da Prefeitura também apresentaram alguns de seus projetos em andamento. Como a Casa da Mulher Carioca, que constituiu a próxima parada dos estudantes.

“Esta casa é um espaço de promoção de políticas públicas em favor das mulheres, para desenvolver um ambiente de interação, treinamento e empoderamento. Esta iniciativa visa prevenir situações de violência, o exercício da cidadania e a construção da independência”. […] Entre as ajudas oferecidas às mulheres vítimas de violência doméstica está a ajuda financeira às crianças órfãs por femicídio e às mulheres vítimas de violência doméstica e conjugal, além da educação e profissionalização para obter rapidamente maior independência. Nos casos em que o perigo de morte é iminente e é necessário tomar medidas adicionais, as mulheres são acolhidas na Casa Viva Mulher Cora Coralina, um lugar secreto que lhe prove todas as suas necessidades, bem como as de seus filhos, se eles tiverem algum”.

“Deixamos o espaço comovidos, tocados pela acolhida calorosa dessas mulheres lutadoras que participam ativamente de projetos tão admiráveis, apesar das dificuldades encontradas. Hoje, conseguimos compreender melhor a situação das mulheres no Brasil e todas essas complexidades”.

Após uma introdução das diferenças entre os caminhos suíços e brasileiros, o grupo embarcou em um dia prático de descoberta histórica e cultural.

Na primeira parada no Museu Nacional de História do Rio de Janeiro: “A exposição apresentada traçou a história do Brasil desde 1500 até os dias de hoje e girou em torno de uma perspectiva de descolonização […] Ela nos permitiu descobrir a história e a cultura dos nativos e dos escravizados e [ganhar] perspectiva”.

O grupo também descobriu conexões entre a história da Suíça e do Brasil: “O Brasil experimentou uma onda de imigração suíça no início do século XIX sob o impulso do rei português João VI […] que os convidou a se estabelecerem no Brasil.”

O dia terminou com uma visita ao centro histórico e às escadas de Selarón. De volta à Swissnex, ocorreu uma sessão de trabalho: “Graças ao nosso novo conhecimento histórico e cultural, foi muito animada e interessante”.

Os estudantes decidiram começar seu fim de semana visitando o Sítio Roberto Burle Marx. Um verdadeiro ‘paraíso botânico’ na Barra de Guaratiba. O sítio é protegido e faz parte do Instituto Nacional do Patrimônio Artístico e Histórico do Brasil. É o lar de mais de 3500 espécies de plantas.

A arte marcou a manhã de domingo. Primeiro eles percorreram uma feira de artesanato, exploraram o bairro de Santa Teresa e visitaram a exposição Artes Portas Abertas. Mais tarde, eles caminharam até o Parque das Ruinas. “Inclui uma galeria de arte construída sobre as ruínas de antigas vilas e organizada para receber diferentes exposições durante o ano”.

À tarde, eles visitaram o Museu de Arte Contemporânea de Niterói: “Apreciamos a representação de artistas mulheres. De fato, de quatro exposições, três foram dedicadas ao trabalho de mulheres brasileiras”.

“É o espírito revigorado por este fim de semana repleto de inspirações artísticas e tesouros do Rio de Janeiro que encontramos nosso hotel. Nossa imaginação e criatividade são estimuladas para uma nova semana de inovação”.

O dia começou com uma reunião com Priscila Pereira da Silva, coordenadora do projeto “Crescer sem violência”, parte da Fundação Roberto Marinho. O projeto visa sensibilizar as crianças para muitos tipos de violência, tais como agressão sexual ou bullying escolar.

“Atualmente, esta conscientização consiste em desenhos animados curtos com crianças de uma família multiétnica e mista para se apegarem o máximo possível às atuais estruturas familiares brasileiras. As crianças também são de diferentes gêneros e idades para alcançar o maior número possível de indivíduos”.

A apresentação deste projeto foi a ocasião para os estudantes passarem por alguns números, confirmando a necessidade de ação imediata.

No escritório da Swissnex, “cada grupo pôde discutir todas as informações obtidas desde o início de nossa estadia, mas também sobre as entrevistas realizadas na Suíça com vários profissionais”.

A noite do evento NexGen foi a ocasião para os estudantes apresentarem seus projetos sociais. Eles estavam prontos para se apresentar desde a manhã quando participaram do workshop de apresentação ministrado por Fabricio De Martino, gerente de comunicação da empresa 42 Rio.

“O evento começou com o discurso de Vincent anunciando o programa da noite e nos apresentando aos convidados. Em seguida, tivemos a honra de ouvir o discurso do Embaixador da Suíça no Brasil, Sr. Pietro Lazzeri. Foi rico e focado na importância da inovação social e seu impacto na vida das pessoas ao redor do mundo. Este momento foi muito motivador.”

Este evento representou um marco significativo para o grupo. “No que nos diz respeito, percebemos a riqueza de cada uma das apresentações que tivemos a oportunidade de ouvir, todas as informações que recebemos, e como tudo isso nos impactará não apenas como indivíduos, mas também como jovens sociólogos”.

Os estudantes participaram de uma apresentação de Herby, startup suíça de inovação social, que participou do Camp de internacionalização da Swissnex. Herby explicou qual problema sua aplicação de inteligência artificial visa resolver e forneceu alguns conselhos: “Você tem que saber falar com as pessoas certas no lugar certo, adaptar a inovação ao contexto e, acima de tudo, tentar fazer com que sua ideia funcione em um nível pequeno antes de tentar em uma escala maior”.

Ele também explicou algumas especificidades dos negócios brasileiros: “Às vezes é complicado ter um feedback sobre uma apresentação ou uma ideia porque: “Os brasileiros não dizem que é ruim”.

Os estudantes participaram mais tarde de uma segunda apresentação, liderada pelo fundador da ONG Mauern fürs Leben. A organização opera sob o lema “ajuda para a auto-ajuda”, com o objetivo de permitir que pessoas carentes possam se cuidar, fornecendo treinamento e infra-estrutura.

“Esta inovação social é um sucesso: antes, as famílias trabalhavam na produção de soja e depois dependiam dos proprietários e, portanto, de um circuito global desfavorável para eles. Hoje, elas conseguiram desenvolver uma economia circular pela qual são responsáveis, além de se beneficiarem de melhores condições materiais, sem dever nada à ONG”.

No dia 10, os alunos visitaram a Fábrica de Startups, onde descobriram o Rio 42, um programa inovador com treinamento em engenharia de software. O programa oferece um intensivo boot camp de treinamento de engenharia de software de 4 semanas, que promove a autodisciplina e a produtividade. De acordo com os participantes do programa, eles experimentam um impacto positivo e forte em suas vidas.

Alguns participantes apresentaram suas atividades para os estudantes. Por exemplo, uma equipe estava desenvolvendo um programa para aumentar a segurança e monitorar a produtividade dos trabalhadores através de um relógio.

Embora a visita tenha provocado um certo desconforto nos estudantes, a experiência lhes ofereceu uma perspectiva totalmente nova sobre a inovação social.

“Esperávamos encontrar algo semelhante a nossas inovações sociais, mas não foi bem assim”.

Para encerrar o Social Innovation Program, os estudantes foram convidados a refletir sobre os impactos da viagem. Tanto em nível profissional quanto pessoal.

“O tema da cultura surgiu repetidas vezes durante a discussão. O que é cultura, o que ela significa e o que ela joga em nosso problema de pesquisa? Todos nós nos deparamos com o conceito de cultura durante nossos estudos. Entretanto, ao entrar em campo, percebemos que a realidade é muitas vezes muito mais complexa e que é essencial aprender o máximo possível com diferentes atores para entender o que influencia os comportamentos, as políticas e as ações da sociedade. Foi interessante experienciar como pesquisadores, interagindo e observando o trabalho de diferentes organismos e a vida cotidiana dos habitantes locais.

Também pudemos comparar o que tínhamos escolhido como teorias durante nossos cursos universitários com o campo e como essas teorias se manifestam e se aplicam na prática. O contexto foi mencionado várias vezes durante a conversa sobre o impacto desta viagem em nível profissional, especialmente quando fizemos conexões entre a Suíça e o Brasil. […]. Todos nós concordamos que esta viagem ao Rio de Janeiro teve um impacto mais que positivo em nossas vidas”.