Pandemias e suas consequências decorrentes como as necessidades de isolamento dentro de casa e distanciamento físico nos espaços públicos têm impactos imediatos em todos os debates, processos e implementações na arquitetura e design urbanos. Como estamos ainda classificando e avaliando a crise atual do Covid-19, as conclusões preliminares sobre o impacto nas áreas de design urbano são ambivalentes e divergentes.
Obviamente, alguns processos e desenvolvimentos estão vivendo uma aceleração, enquanto outros experimentam sérios retrocessos. Por exemplo, quando consideramos a mobilidade urbana, o uso de bicicleta como modo de transporte no dia a dia aumentou muito. Na Alemanha e na Suíça, vendedores de bicicletas tiveram um aumento de até 40% nas vendas. Pessoas fazem filas nas lojas de bicicletas e oficinas e é difícil conseguir ser atendido no curto prazo. Por outro lado, o outro “aliado” da transição da mobilidade urbana imaginada, o transporte público, como ônibus, trams e trens perdem reputação e confiança já que não é recomendado aglomerar-se em espaços pequenos e fechados. Concluindo, ao mesmo tempo o uso do carro privado como modo de transporte se tornou menos e mais popular ao mesmo tempo.
Aspectos similares podem ser observado em todos os tipos de instalações “compartilhadas”. De um lado, nas últimas semanas, trabalhar e estudar de casa tornou-se uma realidade para muitas pessoas, mas já ficou claro que o “home office” atinge o seu limite rapidamente. Uma conclusão óbvia são soluções híbridas e uma combinação de trabalho remoto, compartilhamento de espaços de trabalho flexíveis (“co-working”) e encontros pessoais nos escritórios da empresa, na universidade e outros lugares onde as pessoas trabalham. Já que medidas de distanciamento físico e de higiene são obrigatórias, os espaços de co-working sofrem dos mesmos retrocessos que o transporte público.
As primeiras conclusões dos debates sobre densidade urbana (pessoas, edifícios, funções e usos) e espaços verdes públicos são igualmente ambivalentes. As últimas semanas mostraram, de maneira inequívoca, que espaços verdes e abertos perto de casa são mais importantes que nunca. Ao mesmo tempo, as consequências atuais devido à crise do Covid-19 favorecem um retiro na esfera privada, criando novas e/ou desigualdades adicionais para as pessoas que não podem (ou não querem) arcar com os custos de moradia em regiões mais nobres, com áreas verdes ou espaços mais abertos.
O mesmo aplica-se a discussões recentes sobre “micro-living” e “micro-apartamentos”, no contexto dos elementos discutidos acima. Ou seja, trabalhar de casa e conciliar a necessidade crescente por espaços verdes exteriores para uso privado. Repentinamente, algumas conquistas no debate sobre o consumo (massivo) de menos espaço habitacional por habitante podem sofrer sérios retrocessos.
Tentando concluir os pensamentos esboçados acima, designers urbanos terão que intensificar esforços para criar espaços públicos de alta qualidade, combinados com densidade urbana de alta qualidade. O desafio de implementar um aumento dos usos de densidade urbana, funções e edificações somente proporcionará resultados férteis se pudermos criar, ao mesmo tempo, espaços abertos e verdes de alta qualidade onde as pessoas possam conviver.