Vincent Neumann
– Por Vincent Neumann, Startups & Innovation Program Manager na Swissnex no Brasil
Há quase dois anos, em novembro de 2022, embarcamos em uma viagem para a região amazônica com uma visão: desenvolver um projeto tangível e impactante que unisse os pontos fortes do Brasil e da Suíça na construção de um futuro sustentável.
Naquela época, o objetivo, a abordagem e a direção do projeto não estavam claros. No entanto, éramos movidos por um objetivo compartilhado: criar algo inovador nos campos da sustentabilidade e da biodiversidade – áreas em que ambas as nações têm experiência significativa e soluções inovadoras a oferecer.
A jornada que se seguiu foi um período intenso de descobertas. Realizamos entrevistas extensas, construímos redes e reunimos parceiros com espírito colaborativo. Orientados por uma abordagem aberta e da base para o topo, nossa missão foi cocriar um projeto que abordasse os desafios locais em sua raiz e, ao mesmo tempo, promovesse parcerias inovadoras entre startups, pesquisadores e comunidades amazônicas suíças e brasileiras.
Depois de consultar mais de 50 especialistas locais dos setores acadêmico, industrial, governamental e da sociedade civil – e após cinco visitas aprofundadas ao estado do Pará – chegamos ao que hoje é conhecido como nexBio Amazônia.
O nexBio Amazônia é um programa de inovação bilateral que visa promover projetos sustentáveis na região amazônica. Atuando tanto como plataforma quanto como catalisador, ele busca forjar parcerias internacionais entre a Suíça e o Brasil, impulsionando iniciativas que contribuam para uma socioeconomia sustentável, inclusiva e eficiente. O objetivo central do programa é fornecer soluções de rápida implementação para as cadeias produtivas existentes na Amazônia, abordando desafios específicos exclusivos da região.
Saiba mais sobre o programa nexBio Amazônia clicando AQUI.
Conheça a programação de duas semanas que aconteceu em 2024 clicando AQUI.
Esse programa, que foi meticulosamente elaborado em conjunto com a comunidade local, teve início com um evento de boas-vindas que conectou os participantes ao ecossistema de inovação regional. As sessões teóricas se concentraram na interseção de antropologia, bioeconomia e inovação, com discussões aprofundadas comparando as perspectivas da Suíça e do Brasil.
Após essas sessões iniciais, os participantes embarcaram em uma jornada imersiva no coração da bioeconomia da Amazônia. Eles visitaram plantações de cacau, reuniram-se com produtores de chocolate em vários estágios de desenvolvimento e descobriram outros setores importantes, como o açaí. O objetivo: identificar parceiros locais e criar pontos de entrada justificáveis para novos empreendimentos.
O grupo se envolveu com atores importantes da bioeconomia do Pará, incluindo o Centro Amazônico de Empreendedorismo, a Incubadora Xingu em Altamira, a comunidade indígena Bere Xikrin, o Centro de Inovação da Associação Comercial do Tapajós (CIAT), o Parque de Ciência e Tecnologia Guamá e o Museu Paraense Emílio Goeldi. Durante essas visitas, eles ouviram 46 especialistas que compartilharam diversas perspectivas sobre bioeconomia e desenvolvimento sustentável.
Em meio à nossa agenda lotada, fizemos questão de reservar um tempo para saborear a rica culinária local durante o almoço e o jantar e para conhecer alguns dos pontos icônicos do estado. Os destaques incluíram uma visita ao movimentado Mercado Ver-o-Peso em Belém, um mergulho refrescante no rio Canto dos Pássaros na Ilha do Combu, um passeio de barco pela encantadora Floresta Encantada em Alter do Chão, uma experiência cultural com a tribo Wai Wai e a beleza natural da Ilha de Cotijuba.
O programa também se concentrou em ajudar as startups a refinarem seus modelos de negócios sustentáveis, adaptá-los às realidades locais e desenvolver estratégias de entrada no mercado. Sessões de trabalho dedicadas permitiram que os participantes integrassem o que haviam aprendido, preparando-os para as próximas etapas.
Ao longo do programa, os participantes adquiriram uma profunda apreciação do rico patrimônio cultural, do conhecimento tradicional e da extraordinária biodiversidade da região.
O resultado foi um programa dinâmico e multifacetado que promoveu a colaboração e estimulou empreendimentos conjuntos desde o primeiro dia. Estamos ansiosos para testemunhar o impacto dessa iniciativa no mundo real, à medida que as startups avançam com novas oportunidades, parceiros locais e estratégias adaptadas à bioeconomia amazônica.
Tudo culminou no evento de encerramento do programa nexBio, realizado em 1º de agosto em Belém, que coincidiu com a comemoração do Dia Nacional da Suíça.
O que realmente diferenciou esse programa foram as pessoas extraordinárias que se tornaram parte do movimento nexBio. Sua paixão, comprometimento e vontade de colaborar interna e externamente fizeram dessas duas semanas uma jornada inesquecível.
De eventos de networking na movimentada capital a visitas a plantações de cacau no interior, de parques tecnológicos de ponta e laboratórios de pesquisa à tranquilidade do rio, de workshops imersivos ao mergulho na riqueza da floresta e de passeios a museus a noites repletas de deliciosa culinária local e camaradagem – essa experiência foi de contrastes, inspiração e conexões profundas para participantes, organizadores e parceiros. Esses pioneiros moldaram o programa com sua participação ativa e o enriqueceram com seu feedback positivo e construtivo.
Conheça um pouco da primeira edição do programa suíço-brasileiro
Vincent Neumann
Pedro Capra