
Simone Ramseier
– por Simone Ramseier, Junior Project Manager na Swissnex no Brasil
O dia 8 de março marca o Dia Internacional da Mulher, um dia importante não apenas para mim, mas também para a Swissnex no Brasil. Você sabia que, em 10 anos, tivemos 3 mulheres CEOs liderando nossa organização? Isso é normal ou nada de especial, você diz? Bem, eu concordo que deveria ser normal, mas vamos dar uma olhada mais de perto no ecossistema de empreendedorismo feminino suíço-brasileiro, onde estamos hoje e o que a Swissnex no Brasil faz para apoiar as mulheres.
Nos últimos anos, o Brasil fez um imenso progresso em relação à igualdade de gênero, especialmente no empreendedorismo feminino. De acordo com o relatório Global Gender Equality do Fórum Econômico Mundial do ano passado, a Suíça deu um passo atrás e perdeu 8 posições em relação ao ano anterior, enquanto o Brasil subiu 37 posições.
No cenário brasileiro, as mulheres encontram apoio de organizações, instituições e, em alguns estados, do governo e de suas iniciativas. Isso inclui aceleradores, programas de impacto social, redes e plataformas para diferentes necessidades. Um tipo de programa que me chamou particularmente a atenção não está diretamente relacionado ao empreendedorismo ou à aceleração de um negócio, mas sim à ajuda para que as mulheres retornem depois de uma pausa na carreira ao mercado de trabalho ou a programas especificamente criados para ajudá-las a conciliar maternidade e carreira ao mesmo tempo. Na Suíça, o número de mulheres CEOs aumentou para cerca de 20% em 2023, e as oportunidades para mulheres empreendedoras estão aumentando por meio de programas do governo, universidades e aceleradoras.
Toda essa mudança positiva é excelente e um passo na direção certa. No entanto, os números precisam aumentar mais rápido, e a mudança não está acontecendo no ritmo que deveria. De acordo com as Nações Unidas, serão necessários mais 140 anos para que as mulheres sejam representadas igualmente em cargos de liderança se continuarmos no ritmo em que estamos indo. Em 2024, as mulheres ainda terão de conquistar o direito de realizar seus sonhos, e teremos de trabalhar um pouco mais por tudo. E não para por aí. Infelizmente, o progresso fica estagnado quando se trata de uma melhoria socialmente aceitável, o que torna a luta por nossos direitos ainda mais difícil.
Notavelmente, a maioria das iniciativas, programas e incentivos para a igualdade de gênero vem das mulheres. Não estamos satisfeitas com pouco progresso e continuaremos a criar esse impacto positivo umas para as outras com nossos melhores esforços e implementando diferentes programas. Entretanto, para que o progresso seja mais rápido e haja menos estagnação, precisamos da ajuda de todos, pois a igualdade de gênero não é um trabalho exclusivo das mulheres. O padrão – de que as mulheres são responsáveis pela igualdade e pelo progresso – precisa ser quebrado.
Jeyran Hezaveh, cofundadora e CEO da Avatronics no Web Summit Rio 2023 durante a talk Women in Tech no swisstech pavilion.
Na Swissnex no Brasil, trabalhamos com mulheres incríveis em vários setores e programas. Em 2023, tivemos 2 pesquisadoras do nosso programa ZHAW (Zurich University of Applied Sciences) vindo para o Brasil; várias startups com mulheres na liderança, como a Nutrix, liderada por Maria Hahn, e a Avatronics, liderada por Jeyran Hezaveh. Também colaboramos estreitamente com Leticia Vargas, da Universidade de St. Gallen – Leading House for the Latin American Region, que criou o programa Rede Brasil-Suiça na Suíça.
Em 2024, não esperamos menos e queremos levar o empreendedorismo feminino a novos patamares na Swissnex no Brasil, seja durante o próximo Bootcamp Future of Food, o WebSummit, o nexBio Amazônia ou em nossos acampamentos de startups Innosuisse ao longo do ano.
Então, o que podemos fazer para continuar melhorando? Trabalhando em conjunto com startups suíças, fundadoras, pesquisadoras e empreendedoras, vemos todos os dias que ainda há muito trabalho a ser feito para criar melhores possibilidades para as mulheres. A Swissnex no Brasil oferece oportunidades a todos, mas percebemos que pode ser mais desafiador para as líderes de startups do sexo feminino reunirem tudo em um só lugar, especialmente quando a família está envolvida.
Com todas essas organizações presentes no Brasil, estamos nos conectando com organizações e iniciativas locais que oferecem serviços e podem ajudar a gerar oportunidades iguais para todos. É por isso que lançamos recentemente um novo projeto que se concentra em acomodar melhor as mulheres e suas necessidades em diferentes situações quando elas vêm ao Brasil para pesquisa, camps de validação e entrada no mercado, ou outros programas. Esperamos que isso ajude mais mulheres que atualmente enfrentam a escolha entre carreira ou família, que facilite a vida e elimine qualquer sentimento de culpa que a sociedade esteja impondo. Isso nunca deve ser uma barreira ou obstáculo para as mulheres em qualquer posição ou segmento.
Março é um mês importante para aumentar a conscientização, mas não vamos parar por aqui. Como em todas as coisas, precisamos trabalhar para encontrar soluções e melhorar o ecossistema diariamente, e não apenas uma vez por ano, quando é oficialmente o momento de fazer propaganda. É necessário que haja esforço e colaboração contínuos de todos, tanto na esfera pessoal quanto na profissional, para que possamos alcançar a igualdade de gênero mais rapidamente.
Pedimos a algumas líderes femininas que respondessem a essa pergunta:
Como você acredita que seu trabalho está causando um impacto positivo, especialmente no contexto de empoderamento feminino?
Simone Ramseier