Conheça Cathérine Hartmann

Recebemos Cathérine Hartmann há duas semanas em nosso escritório da Swissnex em São Paulo. Em nome da ZHAW, ela está no Brasil para aprofundar sua pesquisa, com foco na mudança de comportamento para o desenvolvimento sustentável. Leia a entrevista na íntegra para saber mais sobre sua visão dos desafios e oportunidades no Brasil.

Temos o prazer de receber Cathérine Hartmann, do Instituto Psicológico da Escola de Psicologia Aplicada da ZHAW, para passar algumas semanas entre nossos escritórios no Rio de Janeiro e em São Paulo. Cathérine está no Brasil para o Mobility Exchange Program com a intenção de ampliar a rede profissional e fortalecer a cooperação internacional, aprofundando sua pesquisa e criando novas conexões no Brasil.

Como psicóloga ambiental e de sustentabilidade, a professora Cathérine Hartmann está interessada em mudar o comportamento diário dos indivíduos para um futuro sustentável e justo. Ela se concentrará no cenário brasileiro no meio acadêmico e empresarial, onde os impactos relacionados ao ser humano para uma transformação rumo a um futuro mais sustentável emergem em mobilidade, alimentação, energia, resíduos e reciclagem, etc.

O evento “Talks @ Swissnex with Cathérine Hartmann” em São Paulo foi o pontapé inicial perfeito de sua passagem pelo Brasil. Pesquisadores, incluindo professores, estudantes e representantes do setor, participaram da discussão, permitindo que Cathérine se conectasse com o ecossistema brasileiro.

Leia a entrevista abaixo para saber mais sobre sua visão dos desafios e oportunidades no Brasil.

1. O que a motivou a escolher o Brasil como próximo destino para sua pesquisa de campo em psicologia ambiental e pesquisa de sustentabilidade?

Para mim, o Brasil é um dos países mais diversificados e coloridos do planeta. Já o conheço de algumas visitas anteriores, é rico em cultura e natureza – e em termos de recursos naturais, o Brasil tem literalmente o que sustenta os seres humanos na Terra – os pulmões verdes (a Amazônia). Para mim, isso é fundamental, e devemos nos preocupar em preservá-la. Portanto, considero muito adequado trabalhar com parceiros de pesquisa e prática aqui no local para ver onde os comportamentos individuais e coletivos e as decisões diárias relacionadas a questões de sustentabilidade estão envolvidos e onde eles podem ser apoiados e motivados a se comportar de maneira mais ecológica.

Sou apaixonada por questões relacionadas à sustentabilidade e estou disposta a trabalhar e me envolver com outras pessoas interessadas em tornar nosso planeta um lugar melhor. Preocupo-me com o nosso meio ambiente e em mantê-lo um lugar tão maravilhoso como ele é e torná-lo ainda melhor. Isso também envolve conhecer mais pessoas de várias disciplinas e iniciar colaborações internacionais. Durante a minha viagem de pesquisa, quero entrar em contato com pesquisadores interessados, professores, fundadores de startups, consultores e muitos outros que lidam com questões e desafios de sustentabilidade e que identificaram (ou ainda não identificaram :)) que o componente mais valioso na transformação da sustentabilidade é o ser humano e que vale a pena se aprofundar no tema “mudança de comportamento das pessoas para um desenvolvimento sustentável”.

2. Em sua opinião, como os desafios ambientais e de sustentabilidade enfrentados pelo Brasil podem ser diferentes dos de outras regiões?

A mudança climática é um problema civilizacional, e muitos problemas ambientais e de sustentabilidade são causados pelo homem. Isso acontece em todos os lugares, em todos os países e culturas, e é o caso do Brasil e da Suíça.

Tenho a sensação positiva de que a psicologia ambiental e de sustentabilidade pode fazer uma contribuição valiosa para os desafios que estamos enfrentando, porque a psicologia “conhece” o ser humano e, com base nisso, é possível começar a trabalhar nas mudanças de comportamento necessárias e nos programas ou campanhas associados para o desenvolvimento sustentável. No entanto, embora as pessoas com visibilidade global sejam responsáveis pela questão geral, elas podem diferir em relação à sua formação cultural e social. Pode haver diferenças nas visões de mundo em relação a um planeta saudável, nas atitudes, na consciência ambiental e no conhecimento disponível sobre como agir. Para mim, é importante conhecer essas particularidades para poder usar as ferramentas existentes em minha área de pesquisa para desenvolver boas campanhas de mudança de comportamento.

Para desenvolver essas ideias valiosas e, depois, campanhas, uma infraestrutura boa e funcional (por exemplo, um sistema de transporte público que funcione) é um requisito básico, caso contrário, qualquer campanha de mudança de comportamento, por melhor que seja, não será muito eficaz. Esse pode ser um desafio que vejo nesse contexto, mas acredito na criatividade e no potencial que vem das pessoas! Onde há vontade, há um caminho!

3. Como você planeja adaptar seus métodos ou abordagens de pesquisa para melhor atender ao contexto local e suas características distintas?

Espero ter uma curva de aprendizado acentuada, pois as condições e o ambiente para construir e implementar projetos provavelmente serão diferentes, novos e culturalmente diversos, e estou muito animada para aprender e me adaptar. O que funciona na Suíça não necessariamente funciona e tem sucesso no Brasil e vice-versa, mas quero descobrir os pontos em comum e trabalhar em soluções para inovações no desenvolvimento sustentável.

No início, presumi que meus métodos de pesquisa com foco principalmente quantitativo seguiriam uma direção mais exploratória e qualitativa para entender novas áreas e tópicos. Justamente porque o Brasil é um país tão grande e diversificado e tem um patrimônio natural tão grande, explorarei onde posso começar a incluir meu conhecimento, mas também aprenderei com as várias comunidades locais em áreas urbanas e rurais.

No entanto, espero compartilhar minhas experiências de projetos passados e atuais em que me concentrei na mudança de comportamento sustentável com as partes interessadas para, então, desenvolver novas metodologias que sejam valiosas para ambas as partes.

4. Há alguma meta pessoal ou profissional específica que você espera alcançar durante sua estada no Brasil?

Em resumo, eu gostaria de compartilhar minhas percepções e conhecimentos, ouvir e aprender com os outros, pensar e discutir ideias específicas de projetos de pesquisa e ensino, participar de eventos relacionados a tópicos de sustentabilidade, ver como o trabalho é feito com e dentro das faculdades e empresas e ser inspirado por outras mentalidades e perspectivas culturais.

Eu gostaria de voltar para casa com a sensação de que novas colaborações podem continuar a crescer, que um entendimento comum foi alcançado, que novas ações conjuntas estão surgindo e que a possibilidade de expansão está presente.

"Para mim, a viagem de campo já foi um sucesso e continua sendo, pois tenho momentos de "aha" todos os dias, seja no contato com pesquisadores e empresários ou apenas explorando e interagindo com a cidade, a natureza e a população."

5. Há instituições brasileiras específicas com as quais você está animada para se conectar?

A psicologia ambiental em si é uma área de pesquisa interdisciplinar, o que a torna conectável a muitas outras disciplinas. Eu não excluiria pessoas interessadas que estejam dispostas a trabalhar comigo na solução dos desafios urgentes da sustentabilidade, mas convido também engenheiros ambientais, arquitetos, economistas e ecologistas, professores, especialistas em comunicação e em questões de saúde e destacaria que esse é apenas um pequeno trecho das possíveis disciplinas de conexão.

Valorizo os insights práticos (e gostaria de compartilhar os meus em troca) de projetos brasileiros que trabalham em estreita colaboração com empresas, startups e o setor público e que têm impacto na sociedade civil. Qualquer pesquisador e/ou profissional que, no decorrer de seu trabalho diário, se depare com questões em que as ações humanas sustentáveis ou insustentáveis sejam cruciais e em que os seres humanos sejam um componente decisivo para a melhoria do resultado, esse é um motivo para se conectar comigo! Estarei disponível no Rio na última semana de novembro e também via LinkedIn.